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Dor pélvica crônica (vaginismo e proctalgia)

Dor pélvica crônica (vaginismo e proctalgia)
Imagem meramente ilustrativa (Banco de imagens: Shutterstock)

A dor pode ter diversas causas e tanto ser um sintoma como uma doença

É chamada de dor pélvica crônica a sensação dolorosa localizada na pelve com duração maior do que três meses. Ela ocorre na região que fica abaixo do umbigo e pode se tornar grave a ponto de levar a uma incapacidade funcional e necessitar de tratamento médico para que o paciente possa retornar à sua vida cotidiana.

A condição dolorosa pode vir de qualquer um dos órgãos, músculos ou nervos que estão localizados na pelve (dentro ou ao seu redor) — aparelho digestivo, incluindo a região anal, órgãos reprodutores e urinários.

A dor pélvica crônica pode se apresentar de maneira intermitente (vai e volta) ou constante. Ela pode se manifestar, por exemplo, durante a menstruação, antes ou após se alimentar, durante uma relação sexual e após urinar ou evacuar.

Causas da dor pélvica crônica

A dor pélvica crônica pode ter diversas causas, podendo tanto ser um sintoma de uma outra doença, como endometriose, como uma doença sem causa definida conhecida.

As principais causas que podem estar associadas à dor pélvica crônica são classificadas em:

  • Ginecológicas: a dor pélvica crônica pode ser desencadeada por endometriose, miomas, adenomiose, vaginismo, aderências peritoneais, cistos, varizes pélvicas e infecções;
  • Gastrointestinais: síndrome do intestino irritável, constipação crônica, proctalgia, doenças anorretais, câncer intestinal, inflamações;
  • Urológicas: infecção urinária de repetição, cálculos, câncer de bexiga podem levar à dor na região;
  • Osteomusculares;
  • Psicogênicas ou idiopáticas: sem patologia orgânica definida.

Entre as causas, duas condições em especial podem levar à dor pélvica crônica: o vaginismo e a proctalgia.

Vaginismo

Vaginismo é a contração involuntária dos músculos da vagina, que tem como sintoma a ocorrência de dor durante as relações sexuais, principalmente na entrada da vagina. Porém, esse espasmo pode ocorrer de maneira involuntária sem qualquer estímulo sexual. Algumas mulheres, devido ao quadro de vaginismo, não conseguem manter uma vida sexual ativa ou realizar exames ginecológicos.

Existem várias causas para o vaginismo. Entre elas, podemos destacar:

  • Medo da dor durante o contato íntimo;
  • Abuso sexual ou testemunho de abuso sexual;
  • Questões religiosas;
  • Dor pélvica crônica;
  • Ansiedade e estresse;
  • Atrofia vaginal em decorrência da menopausa;
  • Malformações na vagina;
  • Baixa autoestima;
  • Medo de engravidar.

Por ter entre as suas principais causas questões físicas e emocionais, o vaginismo deve ser tratado de maneira multidisciplinar, podendo envolver médicos que atuem na área de sexualidade, psicólogo e fisioterapeuta do assoalho pélvico.

Proctalgia

A Proctalgia é o nome dado para a dor súbita e intensa que surge na região anorretal, podendo durar alguns segundos, minutos ou horas. Na maioria das vezes, ao se realizar um exame físico do ânus, não é observada nenhuma alteração orgânica que justifique o quadro doloroso. Além da dor, não é incomum o paciente relatar uma sensação de peso ou de fisgadas na região anal.

A condição ocorre com mais frequência em mulheres, porém o número de homens afetados por essa condição tem crescido nos últimos anos e pode ter como causas episódios de estresse e ansiedade. Além disso, algumas doenças anorretais (hemorróidas, fissuras anais), câncer de intestino e tumores na coluna, também podem levar às dores nessa região. Portanto, o diagnóstico definitivo de proctalgia é feito pela exclusão de outras patologias.

Muitos especialistas na área, referem que profissionais bem sucedidos, com cargos de grande responsabilidade, perfeccionistas ao extremo, com histórico de traumas na infância, são os pacientes mais prevalentes no consultório e, portanto, mais suscetíveis a apresentar quadros de proctalgia pela carga intensa de estresse.

Há situações em que a dor pélvica crônica pode estar relacionada a alterações hormonais, como por exemplo nos casos de endometriose, adenomiose e atrofia vaginal. Para esses pacientes, a terapia hormonal pode fazer parte do tratamento. Outros, podem ter intolerância a glúten e/ou lactose e uma boa orientação dietética pode ser o suficiente para resolver o desconforto intestinal.

A dor pélvica crônica sempre deve ser avaliada por parâmetros da medicina tradicional, procurando doenças físicas que justifiquem tal quadro. Porém, quando descartada qualquer alteração orgânica, devemos fazer uma avaliação psicológica profunda, buscando entender esse paciente como um todo para compreender os possíveis gatilhos da dor referida. Nesse contexto, a medicina com abordagem integrativa e funcional, busca encontrar as raízes do problema apresentado, oferecendo além do tratamento clássico com medicações analgésicas e/ou anti-inflamatórias, outras ferramentas para o manejo da dor, independentemente de qual seja a sua origem.

Além disso, fazem parte do tratamento: orientações nutricionais para uma dieta equilibrada, a prática regular de exercícios físicos para modulação dos neurotransmissores, o gerenciamento do estresse e exercícios de relaxamento/ controle da musculatura pélvica. Para muitos pacientes, sessões de hipnoterapia, coaching e mindfulness são fundamentais para diminuir a ansiedade, a tensão muscular e ressignificar eventos traumáticos, que podem ser alguns dos gatilhos que agravam os sintomas.

Juntos, médico, equipe multidisciplinar e paciente buscam entender o que o corpo está querendo dizer, para então definir as melhores alternativas terapêuticas. Entre elas, podem ser indicadas: acupuntura, meditação, suplementação, fisioterapia, entre outras.

Dentro do conceito da medicina integrativa, independentemente da doença que esteja causando a dor pélvica crônica, o melhor tratamento é aquele que cuida do paciente como um todo — corpo, mente e espírito.

Se você quer saber mais sobre dor pélvica crônica, agende uma avaliação com a Dra. Talita Ferreira.

Fontes:

Portal da Proctologia

Livro: A Headache in Pelvis

Hospital Israelita Albert Einstein

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