Saiba como os nossos hábitos produzem substâncias que danificam nossas células, levando a um quadro de inflamação crônica e ao desenvolvimento de diversas doenças
A inflamação aguda é uma resposta natural e necessária do organismo a um agente agressor, como microrganismos, parasitas, agentes químicos ou físicos, reações imunológicas, entre outros. Trata-se de um mecanismo de defesa do nosso corpo.
No entanto, em muitos casos, nós agredimos sutilmente o nosso organismo de forma contínua, fazendo com que ele desenvolva um processo silencioso de inflamação de baixa intensidade. Como a agressão não cessa, a resposta também se prolonga ao longo de meses ou anos, levando a um quadro de inflamação crônica subclínica.
Índice
Quais as causas da inflamação crônica?
Vários são os fatores que podem levar o organismo a desenvolver um quadro de inflamação crônica como resposta às agressões sofridas. Alguns deles incluem:
- Quando nosso organismo não consegue eliminar microrganismos que causam inflamação aguda (como, por exemplo, microbactérias, alguns vírus, como o HIV, fungos, entre outros), causando uma infecção persistente;
- Exposição contínua a agentes irritantes ou nocivos ao organismo (exógenos, como metais pesados e sílica, e até mesmo endógenos, como os cristais de colesterol);
- Doenças inflamatórias imunomediadas, que levam o organismo a atacar a si próprio, como no caso da artrite reumatoide, doenças inflamatórias intestinais, úlceras pépticas crônicas etc.;
- Quadros de inflamações recorrentes ou defeitos nas células que regulam o processo inflamatório;
- Consumo de alimentos que contribuem para a inflamação crônica, como aqueles ricos em açúcar, ultraprocessados, que contenham gordura trans, entre outros;
- Consumo excessivo de álcool;
- Sedentarismo;
- Disbiose intestinal (desequilíbrio entre as bactérias benéficas e patogênicas que vivem em nosso intestino);
- Obesidade;
- Tabagismo: além de aumentar as chamadas citocinas pró-inflamatórias, o cigarro diminui fatores que ajudam a reduzir a inflamação crônica;
- Estresse: o hormônio do estresse, chamado cortisol, atua diretamente no metabolismo, no sistema imunológico e na inflamação crônica.
- Má qualidade do sono: uma noite de sono não reparador eleva substâncias que contribuem para a inflamação crônica do organismo.
Sintomas da inflamação crônica
Em geral, os sinais de que nosso corpo está vivenciando um processo de inflamação crônica são sutis. Não há a presença dos sinais clássicos de inflamação: dor, calor, rubor, edemas ou perda de função. Muitas vezes, a pessoa apresenta alguns sintomas que, para ela, não levantam a suspeita de que algo pode estar errado com a sua saúde, como um cansaço contínuo, por exemplo.
Como diagnosticar a inflamação crônica?
A inflamação crônica produz citocinas pró-inflamatórias numa tentativa do organismo de se proteger dessa agressão, como se estivesse em um estado de alerta permanente. A ativação contínua dessas proteínas, por um longo período, pode desencadear reações imunológicas que danificam órgãos mais sensíveis, como artérias, coração, intestinos, articulações e glândulas endocrinológicas.
A inflamação do organismo pode ser identificada por meio da realização de exames de sangue. Níveis mais altos de alguns biomarcadores, como o PCR (proteína C reativa), podem sugerir a presença de um processo inflamatório crônico.
O que a inflamação crônica pode causar?
Cada vez mais estudos correlacionam a presença da inflamação crônica em determinadas doenças, como:
- Alzheimer e doenças neurológicas;
- Câncer;
- Patologias psiquiátricas, como depressão;
- Obesidade — a gordura é um tecido altamente inflamatório;
- Doenças autoimunes, como artrite reumatoide e lúpus;
- Acidente vascular cerebral (AVC) — conhecido como derrame;
- Doenças cardiovasculares, como o infarto do miocárdio;
- Doenças inflamatórias no trato gastrointestinal;
- Asma e outras doenças respiratórias;
- Osteoporose.
Como evitar a inflamação crônica?
Mudança de hábito é a palavra-chave para quem quer prevenir e diminuir um quadro de inflamação crônica. Para isso, devemos adotar um estilo de vida saudável e abandonar hábitos nocivos. Algumas dicas são:
- Cuidar da alimentação: certos alimentos ajudam a inibir a resposta inflamatória, como frutas vermelhas, legumes e vegetais de folhas escuras. Açúcares, refrigerantes e ultraprocessados devem ser evitados;
- Praticar atividades físicas regularmente, mas sem excesso, pois os exercícios, quando praticados em demasia, podem causar mais inflamação ao organismo;
- Manter o peso ideal;
- Dormir o suficiente;
- Parar de fumar;
- Limitar o consumo de álcool;
- Controlar o estresse.
Vários são os fatores que podem estar envolvidos na chamada inflamação crônica subclínica do organismo. Nesse sentido, cuidados com a saúde que avaliem o indivíduo dentro de suas várias dimensões (biopsicossocial), podem contribuir para evitar o problema e as consequências negativas que a inflamação crônica pode trazer em longo prazo.
A medicina com abordagem integrativa e funcional busca prevenir a ocorrência de doenças por meio de uma abordagem minimamente invasiva, mas sem deixar de lado os benefícios da medicina tradicional. Um estilo de vida saudável, uma alimentação balanceada, correções hormonais e suplementação (quando necessárias) são algumas das ferramentas utilizadas para manter o indivíduo em equilíbrio e com saúde.
Se você quer saber mais sobre inflamação crônica, agende uma avaliação com a Dra. Talita Ferreira.
Fontes:
Harvard Medical School
Patologia Básica — Robbins
Integrative Medicine — Rakel