Conheça as causas e os sintomas e saiba como tratar adequadamente algumas das doenças autoimunes mais comuns
As doenças autoimunes são aquelas em que o sistema imunológico, responsável pela defesa do organismo, se confunde e produz anticorpos que atacam os órgãos, as células e os tecidos do próprio corpo.
Por algum motivo, não conhecido complemente, nossas células de defesa passam a acreditar que proteínas de diferentes partes do corpo são invasores externos (vírus, bactérias ou outros patógenos) e enviam um exército de células para isolá-las e atacá-las. É assim que se iniciam as doenças autoimunes, uma “batalha interna” entre soldados da mesma equipe.
Existem várias doenças autoimunes — atualmente, conhecemos mais de 100 patologias —, e a gravidade de cada uma delas depende do local afetado e da resposta individual de cada organismo.
Índice
Quais as causas das doenças autoimunes?
Os fatores que levam ao desenvolvimento de uma doença autoimune ainda não são totalmente esclarecidos. Porém, sabe-se que existem pessoas com maior predisposição genética e que estão mais propensas a desenvolver a patologia.
Estudos publicados em respeitadas revistas científicas indicam que uma das principais causas das doenças autoimunes seja a síndrome do intestino permeável (conhecida também por leaky gut syndrome). Leia nosso artigo sobre a síndrome do intestino permeável neste link.
Há também outros fatores que podem estar envolvidos nessa resposta autoimune do organismo:
- Infecções prévias por determinadas bactérias, vírus e fungos;
- Causas hereditárias genéticas;
- Mau funcionamento das células de defesa tipo B;
- Agentes externos semelhantes a uma proteína natural do organismo;
- Estresse.
Quais são os sintomas gerais mais comuns?
O diagnóstico precoce das doenças autoimunes se faz mais desafiador porque muitos dos sintomas iniciais são inespecíficos e podem não chamar a atenção de parte dos pacientes. Alguns que você deve sempre observar são:
- Febre baixa;
- Fadiga e prostração;
- Emagrecimento sem mudança da dieta e das atividades físicas;
- Mal-estar geral;
- Dores de cabeça frequentes;
- Ansiedade e outras alterações de humor;
- Dificuldade de concentração e memória;
- Manchas no corpo, descamação da pele;
- Hematomas sem justificativa;
- Olhos secos, boca seca;
- Dermatites;
- Infecções frequentes;
- Problemas respiratórios;
- Dor e rigidez articular;
- Fraqueza muscular;
- Alergias e intolerâncias alimentares;
- Má circulação dos pés e mãos — extremidades frias e arroxeadas;
- Problemas intestinais e gástricos.
Quais as principais doenças autoimunes?
Antes de falarmos sobre as principais doenças, vamos esclarecer que as doenças autoimunes se dividem em dois tipos:
- Doenças sistêmicas: podem afetar diversos órgãos ou mesmo todo o organismo, como a doença celíaca ou o lúpus.
- Doenças locais: restritas a apenas um tecido, como, por exemplo, a tireoidite de Hashimoto.
As doenças autoimunes que mais afetam a população são:
- Esclerose múltipla: nesta doença autoimune, o corpo ataca a bainha de mielina, um tecido que recobre os nervos, causando lesões no cérebro e na medula. Com isso, o cérebro começa a ter dificuldades de comunicação com o corpo, causando sintomas diversos, como: perda de força muscular, alterações do equilíbrio e coordenação motora, perda do controle da bexiga e do intestino e problemas de memória.
- Doença celíaca: é uma doença em que o organismo responde de maneira exagerada à ingestão de glúten, presente em alimentos como pães, cervejas e massas, levando a uma inflamação da mucosa intestinal. Os sintomas mais comuns são: perda de peso, diarreia, dores abdominais, desnutrição, anemia e problemas de fertilidade. Afeta 1 a cada 300 pessoas.
- Lúpus: doença inflamatória causada quando o sistema imunológico reconhece como inimigo qualquer tecido do organismo. Em casos mais graves, pode comprometer o funcionamento do sistema cardiovascular, renal e nervoso. Seus sintomas mais comuns são: febre, emagrecimento, manchas vermelhas na pele, dores articulares, problemas de pele, cansaço crônico, depressão. As mulheres são muito mais acometidas do que os homens, com maior prevalência entre os 20 e 45 anos.
- Artrite reumatoide: nesta doença autoimune, as cartilagens que recobrem as articulações são atacadas pelo organismo, levando a sintomas como inchaços e dores nas articulações. Atinge 1 a cada 100 pessoas, e as mulheres são 2 vezes mais acometidas do que os homens.
- Tireoidite de Hashimoto: o organismo ataca a glândula tireoide, causando sua destruição lenta e progressiva. Os sintomas variam de acordo com a fase da doença, podendo ser assintomática, inicialmente, até chegar a um quadro clássico de hipotireoidismo. Afeta cerca de 5% da população adulta (na sua maior parte, mulheres).
- Diabetes tipo 1: tipo de doença autoimune em que o sistema imunológico destrói as células produtoras de insulina (células beta do pâncreas). Aparece, geralmente, na infância ou adolescência, causando sintomas como fraqueza, perda de peso e vontade frequente de urinar. O tratamento é sempre com insulina, para controlar os níveis de glicose no sangue.
- Psoríase: surge em decorrência da inflamação crônica da pele. Existem diversos tipos de lesões cutâneas, porém a mais comum é a psoríase em Estima-se que 2% da população mundial apresente essa doença, que acomete igualmente homens e mulheres.
- Doença de Crohn: é uma doença inflamatória crônica dos intestinos, mas que pode atingir qualquer órgão do sistema gastrointestinal. Isso resulta em sintomas como diarreia intensa, perda de peso e cólicas abdominais.
- Vitiligo: os anticorpos e os linfócitos T (um tipo de glóbulo branco) agem contra os melanócitos (células responsáveis pela produção de pigmento de nossa pele). Seu principal sinal é o surgimento de manchas descoloridas na pele.
Como é feito o diagnóstico das doenças autoimunes?
O diagnóstico das doenças autoimunes é feito por meio do histórico clínico do paciente, bem como de exames físicos, laboratoriais e/ou de imagem. Dependendo dos sintomas relatados pelo paciente e de sua história clínica, o médico pode solicitar exames específicos para determinadas doenças, como o exame FAN (fator antinuclear), frequentemente presente em diversas doenças, mas não em todas.
Como é o tratamento das doenças autoimunes?
A maior parte das doenças autoimunes é crônica e precisa ser tratada durante a vida toda. Felizmente, a maioria pode ter sua evolução controlada com medicamentos e outras medidas terapêuticas que melhoram a saúde e a qualidade de vida dos pacientes.
O tratamento depende do tipo de doença autoimune e frequentemente inclui medicamentos imunossupressores, que inibem a ação do sistema imunológico como um todo, freando esse ataque do próprio organismo. O uso de medicamentos sintomáticos, que tratam os sintomas, também pode ser recomendado pelo médico.
Resumidamente, não existe um tratamento único que sirva para todas essas doenças. Ter uma dieta mais saudável, praticar atividades físicas e ter uma boa qualidade de sono são, geralmente, recomendações dadas pelos médicos aos pacientes com doenças autoimunes.
Muitas vezes, as doenças autoimunes também podem impactar a saúde mental do paciente. Diante desse quadro de sintomas físicos e psicológicos, o ideal é que o tratamento seja multidisciplinar e integrativo, considerando o indivíduo de maneira global, em suas várias dimensões.
A medicina com abordagem integrativa e funcional busca uma abordagem diferenciada para o tratamento das doenças autoimunes, mas sem deixar de lado os benefícios que a medicina convencional pode trazer para o controle dessas patologias.
Após uma avaliação aprofundada, o especialista pode recomendar, além dos medicamentos, mudanças dietéticas, suplementação e terapias complementares, como yoga, meditação, entre outras.
Se você quer saber mais sobre doenças autoimunes, agende uma avaliação com a Dra. Talita Ferreira.
Fontes:
MD Saúde
Manual MSD
International Journal of Gastroenterology
Revista Lancet