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Psicossomática: trauma pode afetar nossa saúde

Psicossomática: trauma pode afetar nossa saúde
Imagem meramente ilustrativa (Banco de imagens: Shutterstock)

A manifestação psicossomática é um conjunto de sintomas físicos que surgem do desequilíbrio entre corpo e mente do indivíduo ao lidar com um trauma

O trauma é uma manifestação psicológica que marca e aprisiona as suas vítimas através de crenças e atitudes limitantes que surgem da interpretação de uma experiência traumática. Os traumas podem surgir em qualquer momento. Quando ocorrem na infância, geralmente trazem grandes repercussões que podem perdurar por toda a vida adulta.

Esses traumas podem surgir através da negligência, do abuso moral, de lares instáveis, de um divórcio dos pais, abuso físico e/ou sexual. No entanto, não são necessários acontecimentos catastróficos para que os traumas sejam gerados. Praticamente todos nós temos traumas.

A somatória de todas as experiências que vivemos modelam o nosso ser e a nossa personalidade desde a concepção no útero materno. As memórias das situações que passamos – conscientes ou inconscientes – desenvolvem padrões de comportamento que buscam a adaptação, o equilíbrio, e a sobrevivência.

Embora cada indivíduo tenha sua história pessoal e suas particularidades, a integração entre corpo e mente é essencial para a manutenção da saúde global de qualquer ser humano. A manifestação de doenças psicossomáticas ocorre quando as desordens emocionais têm influência direta na saúde, fazendo com que os seus sintomas, sentimentos e pensamentos desenvolvam patologias físicas.

O poder do trauma na infância

Um estudo internacional, realizado com mais de 17 mil pacientes, revelou que pessoas expostas a elevados quadros traumáticos na infância apresentaram um risco aumentado de:

  • 700% para o alcoolismo;
  • 400% para depressão;
  • 220% para o tabagismo;
  • 160% para diabetes e obesidade;
  • 2,2 a 3,9 vezes para neoplasia (câncer) e doenças cardiopulmonares.

Esses números são resultado de um efeito cascata que, ao prejudicar o desenvolvimento cognitivo, psíquico e social dessas crianças, acaba desenvolvendo comportamentos de risco pela sua autopercepção distorcida.

No entanto, os traumas e quadros psicossomáticos podem ser desencadeados também em um ambiente aparentemente estável e positivo. Seja através da cobrança excessiva ou de pais ausentes que necessitam trabalhar para prover a casa. De fato, o trauma nada mais é que uma resposta psíquica a eventos que desencadearam sofrimento, angústia, medo e qualquer outro tipo de sentimento negativo.

O grande psicólogo Haim Ginott definiu que “crianças são como cimento molhado, qualquer coisa que cair em cima deixa uma marca.”

Em um dos grandes documentários sobre o tema – A Sabedoria do Trauma – o médico Gabor Maté refere a importância de entender profundamente a origem das marcas e dores no processo de construção da personalidade.

“O trauma não são as coisas ruins que acontecem com você, mas o que acontece dentro de você como resultado do que aconteceu”. – Dr. Gabor Maté.

A resposta ao trauma e a psicossomática

A resposta traumática é natural e muitas vezes está associada a eventos que por vezes nem lembramos com clareza — como os traumas da infância, ou até mesmo eventos vivenciados por outras pessoas — como as dinâmicas culturais e familiares, que são aprendidas e adquiridas pelas crianças, o chamado de trauma transgeracional. Diante disso, a psicossomática emprega métodos interdisciplinares para avaliar quadros de saúde oriundos de traumas.

Essas respostas ao trauma, seja ele qual for, faz com que a pessoa desenvolva crenças limitantes, com o surgimento de pensamentos como: “não mereço ser amada”, “não sou boa o suficiente”, “a vida é um sofrimento”.

Todos esses padrões mentais podem gerar :

  • Comportamentos evitativos — de lugares, eventos, pessoas e atividades;
  • Ataques de pânico e/ou raiva;
  • Consumo de substâncias nocivas à saúde;
  • Dependências químicas;
  • Medo excessivo;
  • Falta de autoestima;
  • Respostas emocionais exageradas;
  • Sentimentos de impotência;
  • Dificuldade de interação social;
  • Atração por situações perigosas;
  • Tristeza e timidez excessivas;
  • Hiper vigilância, entre outros.

Traumas e suas consequências

Em uma época em que nunca tivemos acesso a tanta informação, vemos crescente o número de pessoas diagnosticadas com doenças psicossomáticas, depressão e/ou ansiedade, alto índice de suicídio, uso generalizado de drogas, bebidas e outras substâncias químicas como o cigarro.

Segundo o médico Gabor Maté:

“Vício é todo o comportamento no qual a pessoa encontra alívio para uma dor no curto prazo, sofrendo prejuízos a longo prazo, não sendo ao mesmo tempo capaz de o abandonar.”

Porém, os vícios podem ser direcionados para outras áreas, desenvolvendo relações disfuncionais como: trabalho excessivo, realização de esportes em demasia, escolha de relações abusivas, vício de pornografia, jogos de azar, redes sociais, comida, etc. Todo excesso revela uma falta e funciona como mecanismo de escape para dores e traumas mal resolvidos.

O papel da medicina integrativa

Ressignificar os traumas é possível e necessário. Quebrar esse ciclo de dor possibilita uma reconexão com a nossa essência. O desenvolvimento e aplicação de estratégias de autoconhecimento permite um aumento da autoestima e promove uma melhoria da saúde física e mental, auxiliando no tratamento de doenças psicossomáticas.

A Medicina Integrativa é definida pelo conjunto de técnicas embasadas cientificamente que visam tratar o paciente de maneira holística, buscando o equilíbrio entre corpo, mente e espírito, por meio de abordagens convencionais e complementares, unificando de forma segura e eficaz a medicina tradicional à preventiva.

Nesse contexto, o tratamento de uma doença psicossomática requer muitas vezes a utilização de metodologias variadas que podem ir para além de métodos terapêuticos convencionais. A abertura e integração de todas as possibilidades terapêuticas permite uma compreensão alargada das causas do trauma e fornece ao paciente as ferramentas necessárias para ressignificar a sua história, corrigindo as suas crenças e atitudes limitantes.

As metodologias ao dispor da medicina com abordagem funcional integrativa providenciam uma fundação sólida para a criação das condições necessárias ao trabalho psicoterapêutico. Por exemplo, vários estudos apontam para a correlação entre a dieta, flora intestinal e regulação dos neurotransmissores e quadros psicopatológicos.

Saiba mais sobre como uma manifestação psicossomática impacta sua vida e como você pode começar hoje o processo de ressignificação dos seus traumas, para que possa viver uma vida mais saudável. Agende uma avaliação com a Dra. Talita Ferreira.

Fontes:

The Wisdom of Trauma – Dr. Gabor Maté

Trauma and Memory – Dr. Peter A. Levine

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